Com essa afirmação polemica, do tio Elon Musk, dou play na minha coluna sobre transição energética e eletromoblidade. Aqui vamos falar sobre os desafios da eletromobilidade no Brasil e caminhos para um mundo mais sustentável.
Antes de entrar no tema é bem importante conhecer um pouco da minha história. Com vinte anos de atuação no setor de petróleo e quatro anos atuando em eletromobilidade, me considero um “fumante vegano”. Esse termo ambíguo é como defino atualmente meu trabalho e como vejo o mercado como um todo.
De um modo geral, todos os governos do mundo, uns mais outros menos, estão buscando redução de emissões de carbono por conta do aquecimento global e seus efeitos colaterais. O carro elétrico, nesse cenário, sem dúvidas contribui para menor emissão de gases poluentes em seu ciclo de vida total se a energia utilizada como combustível for de origem renovável.
O fato é que para gerar energia, gasta-se energia. Não tem jeito. E o petróleo e o carvão ainda são as fontes de energia com melhor custo. Mas o que isso tem a ver? É simples a reflexão que estou propondo. Quando a pegada de carbono é avaliada em um produto ou serviço, é analisado todo o ciclo de produção, incluindo transporte.
Em outras palavras, a energia solar, que é uma das fontes mais limpas, também tem sua pegada de carbono na produção e transporte. Assim como as outras, e está tudo bem. Faz parte do processo de transição. E quanto melhor o nível de esclarecimento e informação vamos avançando para um futuro sustentável.
Agora, por que falar de petróleo em uma coluna sobre carro elétrico? Isso vem da ideia de que temos que conhecer de onde viemos para traçar nossa rota para o futuro. No mundo, quando foi implementada uma nova matriz energética, não houve substituição. Pelo contrário. A indústria do carvão não foi substituída pela indústria do petróleo, que, por sua vez, não foi substituída pela indústria do biocombustível. A demanda de todas essas matrizes energéticas segue aumentando, podendo ou não mudar a aplicação. E o mesmo está acontecendo com o carro a combustão com relação ao carro elétrico.
Não adianta comparar o Brasil com a Noruega (em nada), muito menos na questão da eletrificação de frotas. Isso é um erro. Nosso país tem dimensões continentais e uma infraestrutura nas localidades mais afastadas ainda inviabilizam o deslocamento maior e com mais agilidade com carros elétricos. Sem contar que cada veículo tem um comportamento diferente na recarga em carregadores rápidos, uns aceitam até 270kwh, enquanto outros tem limitação de 30kwh. E neste cenário há um caminho muito bom para carros híbridos surfarem a transição energética.
O híbrido, sem dúvidas, é o meio para uma eletrificação e isso fica evidente pela procura dos consumidores por essa opção de motorização. Esse segmento vai crescer muito, assim como o elétrico e os veículos a combustão com biocombustíveis. Hoje, a maior barreira, ao contrário do que muitos dizem, não é a infraestrutura. É o custo de aquisição de qualquer veículo, seja a combustão ou eletrificado. Carro no Brasil ficou caro demais da conta!
Thiago Castilha – @castilha7
Jornalista e empresário, sócio da E-wolf eletropostos, diretor da Mahovi Equipamentos Automotivos e diretor de relações institucionais do Sindilub. Atua há 20 anos setores automotivo, petróleo e energia, oferecendo soluções e equipamentos. Como jornalista é uma das referências nacionais em transição energética.